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Fitoterapia: uma abordagem integrativa

As plantas medicinais são utilizadas pela humanidade desde os primórdios. Estudos sugerem que o homem de Neandertal, há mais de 30 mil anos atrás, já utilizava as ervas como forma terapêutica para aliviar suas mazelas.  Até o século XIX os medicamentos utilizados eram a base de plantas e foi somente em meados do século XX, com o fortalecimento da indústria farmacêutica, que as ervas foram substituídas pelas drogas da alopatia através do multimilionário marketing feito pelos grandes laboratórios.  A utilização destes remédios químicos vem sempre associada com um grande potencial de efeitos deletérios a saúde. Citamos o médico e professor dinamarquês,Peter Gotzsche,autor de “Medicamentos Mortais e Crime Organizado”,que afirma de forma surpreendente: “ A primeira causa de morte é a doença do coração, a segunda é o câncer e a terceira causa é devido aos remédios prescritos…”. Na Índia tivemos uma explicação sobre estes efeitos adversos associados às drogas, segundo o prof. Vasudeva, botânico especialista em ervas medicinais, “nosso corpo está acostumado às plantas, que são à base da nossa dieta, já a química dos remédios é estranha a nossa fisiologia e a rejeição a esta química, pelo corpo, nada mais é que o efeito colateral”.

O modelo vigente na nossa medicina ocidental é o reducionismo quando não olhamos a pessoa mas sim a sua doença, valorizamos  a parte e não o todo. No tratamento dentro de uma abordagem integrativa faz-se necessário uma mudança de paradigma ao trazermos como mais importante o ser humano e não a sua patologia.  Esta forma de interpretar o adoecimento precisa de uma escuta e leitura fundamentadas na ausência de julgamento, associada a um olhar amoroso. Ouvir sem julgar e procurar ajudar aquela pessoa em sofrimento deve ser a bussola do paradigma integrativo. A filosofia médica oriental apresenta uma importante metodologia a para esta visão de uma terapêutica mais humana eintegrativa. Neste sentido asMedicinas Tradicionais Orientais, como o  Ayurveda e a Medicina Chinesa, apresentam um modelo que busca entender as  desarmonias do paciente e trata-las na sua raiz. Existe um ditado do Ayurveda que afirma “ Na região que nós vivemos é onde nós encontramos os alimentos e as plantas medicinais adequadas para tratar nossos desequilíbrios”.  A resposta está na harmonia com as leis da natureza.

A Fitoterapia é uma poderosa ferramenta para o tratamento dos distúrbios e desequilíbrios do ser humano. Uma planta medicinal é um “fito-complexo”, onde encontramos vários princípios ativos que atuam de forma sinérgica onde o todo é maior que a soma das partes.

Devido a isto uma erva medicinal pode ter várias indicações distintas o que diferencia de uma droga química com indicação, na maioria das vezes, única. O Brasil com uma biodiversidade extraordinária tem centenas de plantas medicinais com uso subutilizado pela população, esta desvalorização, deste enorme potencial natural,inicia-se na formação profissional. Na nossa graduação universitária as plantas medicinais raramente são citadas como possíveis auxiliares no tratamento dos distúrbios físicos e mentais dos pacientes.

Além disto existe um conhecimento tradicional pouco explorado,  citamos o texto “ Nature`s Medicine, PlantsThatHeal” de Joel L. Swerdlow PhD, na sua experiência em Madagascar : “PhilippeRasoanaivo, um pesquisador farmacologista local,me falou sobre um curador rural que tinha a fama de coletar plantas que funcionavam contra o câncer. O terapeuta vivia ao sul da ilha e Philippe foi encontra-lo, a jornada levou 2 dias em locais sem estradas, onde somente carros de boi foram utilizados, a área era tão isolada que ele apenas falava um dialeto local. O curador coletou ervas medicinais que foram descritas como boas para o tratamento de “omamiadana”  que a tradução seria “ aquilo que mata pouco a pouco”, ou seja, o câncer.  Retornando a capital, Antananarivo, o farmacologista enviou as plantas para uma companhia farmacêutica na Suíça,meses mais tarde veio a resposta: As folhas eram extremamente eficazes contra o câncer e os pesquisadores suíços ficaram animados. Então Philippe retornou para ver o terapeuta ao sul de Madagascar. Ao saber da história o curador retrocedeu pois ficou com medo que seu segredo fosse divulgado e roubado. Então Philippe resolveu levar um botânico para coletar as ervas pois tinha guardado algumas das folhas originais e também acompanhou o curador na busca pelas plantas. De forma surpreendente a companhia farmacêutica suíça observou que, a segunda coleta de ervas, não demonstrou nenhuma atividade anticâncer. Alguma variante,apenas detectada pelo curador, fez diferença significativa da eficácia terapêutica”. Esta historia nos traz o questionamento de como podemos resgatar estes conhecimentos tradicionais para utilizarmos na nossa civilização do século XXI ?

Medicina Chinesa e o Ayurveda têm como principal fonte de seus medicamentos as plantas medicinais. No CharakaSamhita, principal texto de clinica médica ayurvedica, cerca de 500 ervas são citadas, já no antigo clássico ShenNong Ben CaoJIng cerca de 365 tipos distintos de medicamentos chineses são descritos.  Nós tivemos a oportunidade de observar, nos hospitais chineses e indianos, como a fitoterapia é valorizada e o modelo de tratamento é sempre voltado para a individualização da terapêutica. Esta possibilidade existe devido a um diagnóstico preciso do desequilíbrio do paciente. O que diminui os afeitos adversos e promove um tratamento eficaz e seguro. No oriente comprovamos como é possível associar os dois modelos médicos, ocidental e oriental, para o benefício dos pacientes. A melhor abordagem é oda Medicina Integrativa que combina a sabedoria da filosofia médica oriental com as evidencias da ciência médica ocidental.

Acreditamos que a Farmácia Caminhoá, fundada em 1990, é referencia na manipulação de plantas medicinais no Brasil. Esta farmácia possui um eficaz controle de qualidade de seus medicamentos associado com ética, transparência e profissionalismo. Todas estas qualidades reunidas nos fazem recomendar, a todos os nossos pacientes, a Caminhoá como a melhor opção na preparação dos medicamentos fitoterápicos.

Prof. Dr. Aderson Moreira da Rocha, médico de família, reumatologista, especialista em acupuntura pela Associação Médica Brasileira e especialista em Ayurveda pelo Arya Vaidya Pharmacy e Associação Brasileira de Ayurveda.  Mestre e doutor em Saúde Coletiva pela UERJ e presidente da Associação Brasileira de Ayurveda. Website:www.ayurveda.com.br

 

Prof. Dr. Aderson Moreira da Rocha

Médico de família, reumatologista, especialista em acupuntura pela Associação Médica Brasileira e especialista em Ayurveda pelo Arya Vaidya Pharmacy e Associação Brasileira de Ayurveda. Mestre e doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ e presidente da Associação Brasileira de Ayurveda.